Autor: John Nascimento
O último Imperador pagão de Roma, foi Juliano o Apóstata. Aqui está à entrada da capital da Pérsia Ctesiphon, cuja conquista era o seu maior sonho.
Mais tarde Ctesiphon tornou-se um centro cristão.
Os críticos apelidaram-no de «Apóstata».
Para os seus sequazes ele foi um «Santo», um «Rei-Filósofo» um «verdadeiro deus, sob a aparência de um homem».
Os historiadores, foram mais equilibrados na sua apreciação de Flavius Claudius Iulianus, ou Juliano, sucessor de Constantino.
Ele é mais conhecido como o imperador que pretendeu derrubar o Cristianismo e restaurar o paganismo como religião oficial de todo o Império Romano.
Como sobrinho de Constantino, Juliano tinha apenas 5 anos de idade em 337, quando ele viu soldados matarem seu pai por ele querer seguir o reino dos filhos de Constantino.
Depois desse assassínio, Juliano foi enviado para Nicomédia, onde permaneceu sob os cuidados de Eusébio, o bispo daquela cidade, até que mais tarde viria a ser eleito bispo de Constantinopla.
Em 342, foi para o remoto estado da Capadócia, onde, sob os vigilantes olhares de um eunuco, ele se ocupou durante seis anos a estudar a teologia cristã.
Mas o seu amor profundo eram os clássicos e, na próxima década – primeiro na capital e depois em Pérgamo e em Éfeso – ele explorou o mundo da poesia grega, da mitologia e da filosofia.
Juliano teve uma ameaça de morte em 354.
Ele e seu irmão, Gallus, foram chamados a Milão, onde Constantino, fez saber a Gallus que ele tinha abusado do seu papel de César, e tratou de ordenar a sua execução.
Juliano tratou então de convencer o Imperador, que ele próprio não estava interessado na política e não constituía uma ameaça.
Ele foi poupado e foi-lhe permitido visitar Atenas, onde ele aperfeiçoou os seus conhecimentos de filosofia.
Influenciado pelos seus professores, especialmente o filósofo Neoplatonista Maximus de Éfeso, tornou-se um ardente (embora secreto) pagão.
Pôs de parte a Bíblia e procurou inspiração nas obras de Homero.
Ele considerava os Cristãos, especialmente os responsáveis pelos assassinos da sua família, «Ateus supersticiosos», que prestavam culto a um «novo deus Galileu».
Juliano estava convencido de que Constantino tinha destruído os valores religiosos tradicionais do Império.
Até que ele herdou as vestes imperiais em 361, Juliano reservou o seu paganismo a um pequeno grupo de amigos e professores.
Ele chamou-lhe uma forma de paganismo Helenismo, e procurou orientá-lo de vários fluxos filosóficos, na intenção de fundar uma nova e organizada religião.
De Platão adaptou o conceito de um «inconhecível» «Ser Supremo» donde emanava o deus-criador.
Por várias etapas ou graus, a alma humana podia alcançar a bem-aventurança.
Haviam extraordinários paralelos na terminologia do Neoplatonismo do século IV e a teologia cristã do mesmo período.
O respeitado padre da Igreja, Agostinho, descobriu um quarto de século depois, que o Neoplatonismo podia servir como uma excelente ponte para aqueles que, como ele, se encaminhavam para o Cristianismo.
Mas o Neoplatonismo teve para Juliano um efeito diferente.
Tal como disse um historiador, «Juliano foi pela mesma ponte mas em direcção oposta».
Em 355 Constantino elegeu Juliano como César e enviou-o para a Gália com poderes para governar aquela Prefeitura, que tinha sido recentemente invadida pelas tribos germanas.
Depois de atravessar os Alpes com 360 homens, Juliano passou o Inverno em Viena sobre o Ródano, onde ele estudou a arte da guerra.
Na Primavera organizou um exército e começou a atacar os invasores.
Nos seguintes cinco anos permaneceu na Gália e consolidou a economia, a defesa e a administração da região.
Toda a gente se sentia satisfeita por ele se ter transformado com sucesso de um estudante num comandante militar e num hábil administrador.
Como a guerra estava a correr mal na fronteira da Pérsia, em 360 Constantino ordenou a Juliano que enviasse as suas melhores tropas para ajudar a defender o Império nas fronteiras de Leste.
O exército recusou-se a ir e aclamou Juliano como Augusto.
Ele aceitou e conduziu as tropas para a cidade imperial de Constantinopla.
A guerra civil foi afastada quando Constantino morreu de febre em Novembro de 361.
O novo Imperador não perdeu tempo e manifestou o seu paganismo.
Ainda mesmo antes de chegar a Constantinopla ele tinha escrito ao seu ex-tutor Maximus : «Agora nós adoramos publicamente os deuses, e todos os exércitos que me seguem, prestam-lhes culto».
Depois de limpar a corte de Cristãos, organizou uma igreja pagã, com uma hierarquia moldada na Igreja Cristã, com ele próprio à cabeça como pontifex maximus.
Ordenou a reabertura dos templos e o emblema de seu tio Constantino foi removido das bandeiras das legiões.
As terras do Templo foram restauradas e o culto público aos deuses foi reavivado.
Foram criadas escolas pagãs em todas as cidades do Império.
Juliano não proscreveu o Cristianismo, mas despiu a Igreja de muitos privilégios que ela tinha recebido de Constantino.
O clero cristão não mais ficou isento dos impostos e não podia usar os transportes do estado e o sistema postal de graça.
Os Cristãos ficaram proibidos de exercer cargos governamentais e os professores cristãos ficaram proibidos de ensinar nas escolas. De todas as medidas de Juliano, esta foi o mais ruidoso e mais constante tumulto.
Por todo o seu entusiasmo e apaixonada crença no paganismo, Juliano nunca procurou restaurar o culto aos antigos deuses para a religião dominante do Império.
Alguns se converteram ao paganismo; para alguns foi apenas uma tentação.
Para a maior parte os ritos pagãos pareciam anacrónicos.
Ainda mesmo antes que «o apóstata» como lhe chamavam os cristãos, fosse morto na fronteira da Pérsia em 26 de Junho de 363, era óbvio que o seu plano de ressuscitar o paganismo tinha falhado.
Atanásio disse isso mesmo. Depois de Juliano o ter exilado no verão de 362, ele disse aos seus discípulos : «Isto é apenas uma nuvem e tudo passará em breve».
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