Mãe da Igreja e Nossa Mãe

 


Fonte: Livro A Mulher do Apocalipse

Autor: prof. Felipe Aquino

Digitação: Rogério Hirota


Já que pela Encarnação no seio de Maria, Jesus, assumindo nossa natureza humana, se fez irmão de cada um de nós, Ele quis então que Sua Mãe fosse também a Mãe de todos nós.


"Adão pôs â sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos os viventes" (Gn 3,20). O nome Eva, no hebraico, é "Hava", que significa vida. Maria, a nova Eva, por ter dado à luz Àquele que é a Vida, tornou-se a verdadeira Mãe dos viventes, que renasceram da morte do pecado, por Jesus Cristo.


Maria foi a última grande dádiva que Jesus nos deu enquanto vivia entre nós. Parece até que deixou este grande presente para o fim de propósito, para que fosse lembrado de forma inesquecível por cada um de nós. É são João, o discípulo que Jesus mais amava, que nos mostra a Mãe, com detalhes! Ele, que foi praticamente o único dos discípulos a se manter fiel aos pés de seu Senhor, mesmo no Gólgota; ele, então, como testemunha ocular, pôde relatar a todos nós:


"Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, Sua Mãe, a irmã de Sua mãe, Maria, mulher de Cleófolas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu Sua Mãe e perto dela o discípulo a quem amava disse à Sua Mãe: "Senhora, eis aí teu filho". E depois disse ao discípulo: "Eis aí tua Mãe". E o apóstolo nos revela que "a partir daquela hora a levou para sua casa" (Jô 19,25-27).

Que momento extraordinário! Que cena transcendente!


Após isto, para que toda a Escritura fosse cumprida, Jesus tomou vinagre e pronunciou a última frase: "Consumatum est", tudo está consumado. E entregou o espírito ao Pai.


Jesus deu-se inteiramente a nós: Sua vida, Suas forças, Suas graças, Seus milagres, Seu sangue, Seu sofrimento, Seus méritos... tudo, e finalmente Sua Santíssima Mãe. Ele avisara antes: "Não vos deixarei órfãos" (Jô 14,18), e agora providenciava para que seus discípulos não ficassem órfãos e perdidos.


João representava ali cada um de nós, ensina a Igreja; no discípulo amado estava cada irmão amado que ele acabava de resgatar com o preço de seu sangue. E João compreendeu tão bem que, de imediato, "a levou para sua casa". É isto que cada um de nós tem de fazer também. Levar Maria, como Mãe, para sua cassa, muito agradecidos a Jesus e a ela.


Que Mãe melhor poderíamos receber das mãos do Senhor?


A partir do Calvário, Maria passou a ser a mãe "dos novos viventes". Que honra é para nós poder chamar de nossa mãe a mãe de nosso Senhor! Você já pensou nisto profundamente?


São Paulo ensina que "quem está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho, eis que tudo se fez novo" (2 Cor 5,17).Maria é agora a Mãe dessa "nova criatura" que Jesus resgatou da morte, do pecado e do demônio para "a liberdade dos filhos de Deus" (Rm 8,21).

No Calvário realiza-se o maior acontecimento de todos os tempos. E é tão grande a Maternidade Espiritual de Maria e tão ligada à aplicação dos méritos infinitos que seu Filho nos conquistou com Sua morte e Deus a quis proclamada naquele momento especial de nossa salvação. Podemos dizer que a Maternidade Espiritual de Maria foi um testemunho de Jesus escrito com letras de sangue.


O Papa Leão XIII ensina na encíclica "Adiutricem populi", de 5 de setembro de 1895:


"Foi uma revelação exímia dos mistérios da caridade de Cristo, quando, morrendo, legou sua Mãe ao discípulo João pelo testamento memorável: ´Ecce filius tuus`. Segundo o senso da Igreja, Cristo designou em São João o gênero humano, principalmente aqueles que lhe aderirão na fé" (VtMM, p.61).


Como a melhor de todas as mães, Maria intercede sem cessar por cada um de nós, mesmo quando não é invocada. Muitos que não a conhecem se salvam por sua maternal intercessão.


O mesmo Papa Leão XIII diz na encíclica "Magnae Dei Matris", de 8 de dezembro de 1892:


"Maria, muito melhor do que qualquer outra mãe, conhece e vê os socorros de que necessitamos para viver, os perigos públicos e particulares que nos ameaçam, as angústias e males que nos oprimem, e, sobretudo, a luta encarniçada que havemos de sustentar com os inimigos da salvação.


Nesta e noutras dificuldades da vida, melhor do que ninguém, pode ela generosamente e deseja ardentemente proporcionar a seus filhos queridos consolação, força e toda espécie de auxílios" (VtMM, p. 71).


O último Concílio tem uma bela expressão para mostrar a maternidade espiritual de Maria:


Por sua maternal caridade cuida dos irmãos de seu Filho, que peregrinam rodeados de perigos e dificuldades, até que sejam conduzidos à feliz pátria (LG, n. 61).


São Luiz de Montfort assim explica a maternidade espiritual de Maria:


"Assim como na geração natural e corporal há um pai e uma mãe, há, na geração sobrenatural, um pai que é Deus e uma mãe, Maria Santíssima. Todos os verdadeiros filhos de Deus e os predestinados têm Deus por Pai e Maria por Mãe; e quem não tem Maria por mãe não tem Deus por Pai" (Tvd, n. 30). E continua:


"O desejo de Deus Filho é formar-se e, por assim dizer, encarnar-se todos os dias por meio de Sua Mãe, em seus membros... Se Jesus Cristo, o chefe dos homens, nasceu nela por uma consequência necessária. Não há mãe que dê à luz a cabeça sem seus membros ou os membros sem a cabeça: seria uma monstruosidade da natureza. Do mesmo modo, na ordem da graça, a cabeça e os membros nascem da mesma mãe, e se um membro do corpo místico de Jesus Cristo, isto é, um predestinado, nascesse de outra mãe que não Maria, que produziu a Cabeça, não seria um predestinado,nem membro de Jesus Cristo, mas um monstro na ordem da graça" (Tvd, n.32).

Santo Agostinho também afirma que "todos os predestinados, para serem conformes à imagem do Filho (Rm, 8,30) são neste mundo ocultos no seio da Santíssima Virgem e aí guardados, alimentados, mantidos e engrandecidos por esta boa Mãe, até que ela os dê à glória" (Tvd, n.33).


S. Luiz ensina que ´este é um mistério da graça` que os condenados desconhecem e os eleitos conhecem muito pouco... É vontade de Deus Espírito Santo que nela e por ela se formem eleitos (Eclo 24,12), e nela se reproduzam, gerando em cada filho as raízes de sua fé, de sua humanidade profunda, de sua mortificação universal, de sua oração sublime, de sua caridade ardente, de sua firmíssima esperança e de todas suas virtudes". E afirma:


"Quando Maria lança suas raízes em uma alma, maravilhas de graça se produzem, e só ela as pode produzir... Maria produziu, com o Espírito Santo, a maior maravilha que existe e existirá - um Deus-homem, e ela produzirá por conseguinte as coisas mais admiráveis que hão de existir nos últimos tempos. A formação e a educação dos grandes santos que aparecerão no fim do mundo lhe será reservada, pois só esta Virgem singular e milagrosa pode produzir em união com o Espírito Santo, as obras singulares e extraordinárias" (Tvd, n.35).

Também o Papa Pio VII, na encíclica "Mystici Corporis Christi", confirma esta doutrina dizendo:


"Foi Ela a Imaculada, isenta de toda mancha original ou atual, e sempre intimamente unida com seu Filho, que, como outra Eva, juntamente com o holocausto de seus direitos maternos e de seu materno amor, O ofereceu no Gólgota ao Eterno Pai por todos os filhos de Adão, manchados por sua queda miseranda; de modo que a que era fisicamente Mãe da nossa Cabeça foi, com novo título de dor e de glória, feita espiritualmente Mãe de todos os seus membros" (VtMM, p.82).


Ainda dessa maternidade espiritual de Maria fala o Papa Leão XIII, na encíclica "Adiutricem Popili":

"De coração magnânimo Ela tomou sobre si o múnus tão singular de Mãe, e exerceu-o uma vez consagrada no cenáculo, sob o auspício do céu.

Em verdade, Maria mostrou-se como Mãe da Igreja e Mestra e Rainha dos Apóstolos, aos quais comunicou o tesoura dos oráculos divinos que conservava em seu coração" (VtMM, p.126).


"Aproximemo-nos com filial confiança de nossa Mãe Celeste e por meio dela, de Cristo. O Filho ouvirá a Mãe, e o Pai ouvirá o filho", dizia São Bernardo (VtMM, p.127).


São muito significativas as palavras do Papa S. Pio X, sobre a Maternidade espiritual de Maria, na encíclica "Ad diem illum":


"No mesmo seio de sua castíssima Mãe, Cristo não só tomou a carne que uniu a si hipostaticamente, mas além disso assumiu um Corpo espiritual, formado por todos aqueles que haviam de crer nele; de modo que se pode dizer que Maria, tendo em seu seio o Salvador, trazia também todos aqueles cuja vida estava encerrada ba vida do Salvador.


Todos quantos estamos incorporados em Jesus Cristo, do seio de Maria nascemos à maneira de corpo unido à cabeça , pelo que, de um modo espiritual e mítico, mas verdadeiro, somos chamados filhos de Maria, e Ela á a Mãe de todos n´s" (VtMM, p.130).


Por essas razões Santo Irineu chamava Maria "a Virgem que nos regenerou para Deus", e Santo Epifânio com São Pedro Crisólogo chamam-na "Mãe de todos os que vicem pela graça". Santo Agostinho diz que foi "Mãe natural da cabeça e Mãe espiritual dos membros". São Leão Magno completa: "A geração de Jesus Cristo é a origem do povo cristão, e o nascimento da cabeça é o nascimento de todo o corpo". São Alberto Magno afirma nesta mesma linha: "Maria gerou um só Filho natural, no qual regenerou espiritualmente todos os filhos... porque o Senhor uni-nos a si nas entranhas da Virgem" (VtMM,p.130).


Também nosso amadíssimo Papa João Paulo II, na encíclica "Redemptoris Mater", que escreveu por ocasião do Ano Mariano, Poe ele proclamado, em 25 de março de 1987, diz:


"Esta ´nova maternidade de Maria`, portanto, gerada pela fé, é fruto do ´novo amor`, que nela amadureceu definitivamente aos pés da Cruz, mediante sua participação no amor redentor do Filho" (n.23).


"Maria não é só modelo e figura da Igreja; mas é muito mais do que isso. Com efeito, ela ´coopera com amor de mãe para a regeneração e formação`dos filhos e filhas da mãe Igreja. A maternidade da Igreja realiza-se não só segundo o modelo e a figura da Mãe de Deus, mas também com sua cooperação"(n.44).


"A maternidade de Maria que se torna herança do homem é um dom: um dom que o próprio Cristo faz a cada homem pessoalmente"(n.45).

"Maria... com esta sua fé de esposa e de mãe quer atuar em favor dos que a ela se entregam como filhos. E é sabido que quanto mais esses filhos perseveram na atitude de entrega e mais progridem nela, tanto mais Maria os aproxima das "insondáveis riquezas de Cristo`(Ef 3,8)"(n.46).


"Maria, a excelsa filha de Sião, ajuda a todos os seus filhos - onde quer que vivam e como quer que vivam - a encontrar em Cristo o caminho para casa do Pai"(n.47).


Também o Concílio Vaticano II, citando Santo Agostinho, ensina que Maria "é verdadeiramente a Mãe dos membros de Cristo... porque cooperou pela caridade para que na Igreja nascêssemos os fiéis que são filhos da Cabeça"(LG,n53).


Vejo em nossos dias uma multidão de pessoas serem formadas verdadeiramente crisãs e católicas por esta Mãe carinhosa que, pacientemente, vai exortando e chamando seus filhos para Deus por meio de suas mensagens, lágrimas e milagres. São multidões de filhos tocados e formados por esta boa Mãe: em Aparecida, Lourdes, Fátima, Guadalupe, Medjugorje... por meio do Movimento sacerdotal Mariano e tantos outros movimentos suscitados por Maria. É um verdadeiro exército de filhos de Maria que se forma, para implantar na terra seu reinado, por meio do qual resplandecerá o Reinado de Cristo, como ensina S. Luiz.


É esta Mãe diligente que nos forma para Jesus, como fim último de todas nossas devoções. É preciso repetir mil vezes aqui que Maria não é um fim, mas apenas um meio, é a estrada maravilhosa, curta, suave, rápida, fácil e segura para chegar a Jesus, sem perder tempo e sem perigo. Repetimos com S. Pedro que "em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos"(At 4,12). Mas é fazendo-nos escravos dessa boa Mãe, como ensina S. Montfort, que nos tornaremos autênticos escravos de Jesus. O santo afirma:


"A mais forte inclinação de Maria é unir-nos a Jesus Cristo, seu Divino Filho; e a mais forte inclinação do Filho é que vamos a ele por meio de Sua Mãe Santíssima. E isto é para ele tanta honra e prazer como seria para um rei honra e prazer se alguém, para tornar-se a mais perfeitamente seu escravo, se fizesse escravo da rainha"(Tvd, n.75).


É essa boa Mãe que nos leva ao aniquilamento do próprio eu, egoísta, soberbo, avaro das coisas do mundo, luxurioso, guloso, invejoso, preguiçoso... A verdadeira devoção a essa Mãe educadora nos faz entender por que Jesus mandou que "renunciássemos a nós mesmos" para podermos nos salvar (Jô 12,25; Lc 9,23-25; Mt 16,24-28), já que o pecado original e o pecado atual nos estragaram. E o que sta estragado deve ser renunciado.


É essa Mãe vigilante com seus filhos que nos obtém sempre a graça de conservarmos as graças e os tesouros que recebemos de Deus e que facilmente podemos perder pela nossa fraqueza. São Paulo disse que "trazemos esse tesouro em um vaso de barro" (2 Cor. 4,7), em uma alma fraca e inconstante, por um nada. É a boa mãe que precisamos nos recomendar a cada instante, para sermos fortes e perseverantes na graça.


Os demônios buscam a todo instante - alertam-nos os Apóstolos - como ladrões espertos, buscando surpreender-nos de improviso para nos derrubar, espreitam dia e noite o momento favorável para nossa queda; enfim, "rugem a nosso redor, buscando a quem possam devorar" (1 Pd 5,8); pela tentação e pelo pecado para, se possível, numa vacilada nossa, arrancar de nós as graças e méritos que conseguimos em longos anos de luta. São maliciosos, experientes, inúmeros, dizem os santos; por isso Jesus recomenda-nos: "Vigiai e orai, a fim de não cairdes em tentação; pois o espírito é forte, mas a carne é fraca" (Mt 26,41). Maria é nossa grande proteção contra o Mal.


Quantas pessoas, cheias de graça e de virtude, às vezes até elevadas em santidade, foram surpreendidas... por falta de humildade.Acreditavam-se mais fortes do que eram na realidade e acabaram tomando por confiar em si mesmas. Se tivessem confiado à nossa boa Mãe suas graças, não teriam perecido no pecado.


Quantas vezes o inferno aguça nossa vaidade e orgulho, formenta nossa ganância e avareza, incendeia nossa sexualidade com maus desejos e maus pensamwntos, favorece a gula e os baixos instintos, provoca a raiva e a vingança, ou nos induz à preguiça e ao ódio! O tentador conhece o ponto fraco de cada um; e, sem cessar, permanece de tocaia para nos roubar a graça e a paz com Deus.


Quantas vezes ficamos com vergonha de nós mmesmos e d eDeus, por nossas escorregadas em pensamentos, sentimentos, palavras e comportamentos! É uma realidade, somos fracos e miseráveis. Mas é justamente reconhecendo e aceitando esta nossa realidade, e nos lançando nos braços fortes e inexpugnáveis de nossa Mãe que seremos fortes. Ela será nossa força sempre e nossa única esperança, como dizia S. Bernardo.

Quando S. Paulo, já cansado de lutar, implorou ao Senhor que o livrasse de seu "espinho na carne", o que ouviu do Senhor? "Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se manifesta totalmente minha força" (2 Cor 12,9). E o Apóstolo tanto entendeu a lição do Mestre, que também se fez fraco para salvar os fracos, e disse aos coríntios: "Alegro-me em minhas fraquezas... Porque, quando me vejo em fraqueza, então é que sou forte" (2 Cor 12,10).

A pessoa mais forte é aquela que, por conhecer e aceitar suas fraquezas, com realismo e tranquilidade, sem desesperos e revoltas, abriga-se permanentemente nos braços e no Coração de Jesus por meio de Maria. Com seus pés virginais ela saberá pisar constantemente a cabeça do tentador, para que não nos assalte.

São Boaventura nos ensina que "a santíssima Virfem está não só detida na plenitude dos santos, mas também guarda e detém os santos na plenitude para que essa plenitude nãi diminua; impede que suas virtudes se dissipem, que seus méritos pereçam, que se percam suas graças, que os prejudiquem os demônios; impede, por fim, que Nosso senhor castigue os pecadores" (Tvd, n.174).

S. Luiz compara Maria à Arca de Noé, onde os bem-aventurados buscam abrigo para não se afogar nas águas do dilúvio do pecado, que afoga tanta gente. Essa boa Mãe, diz o santo, recebe sempre, por pura caridade, tudo que lhe entregamos em depósito; e, desde que ela o recebeu como depositária, é obrigada por justiça..." (Tvd, n.176). Por isso nos recomenda o santo: "Depositai, derramai no seio e no coração de Maria todos os vossos tesouros, todas as vossas graças e virtudes.Maria é um "Vaso espiritual", "um Vaso honorífico", um Vaso insigne de devoção". Depois que aí se encerrou o próprio Deus, em pessoa, com todas suas perfeições, esse vaso tornou-se todo espiritual, e a morada mais espiritual das almas mais espirituais... Tornou-se ,enfim, rica como uma "Casa de ouro", forte como a "Torre de David", pura como uma "Torre de marfim". Ó quão feliz é o homem que tudo deu a Maria e nela confia em tudo por tudo. Ele é todo de Maria e Maria é todo dele" (Tvd nn.178 e 179).

"Somente as almas que não nasceram do sangue nem da vontade da carne (Jô 1,13), mas de Deus e de Maria, diz o santo, compreendem e apreciam essas palavras"; e diz que é para elas que ele escreve (Tvd n.180).

Maria, esta boa Mãe, é a alegria dos santos, e deve ser nossa alegria. O Anjo lhe disse na Anunciação: "Alegra-te Maria..." E os santos não cansam de repetir o mesmo refrão: "Salve ó cheia de graça, que és vaso e receptáculo de alegria", exclama São Gregório Taumaturgo. "Salve, ó vós que não cessareis jamais de ser nossa alegria, Santa Mãe de Deus!", saudava-a São Metódio (MM, p.55). Por isso a Ladainha lhe chama "Causa da nossa alegria".

É esta boa Mãe que nos leva para o céu. Na belíssima Ladainha Lauretana, a Igreja a chama de "Porta do Céu", porque é ela que com suas orações e lágrimas diante de Deus nos conquista a salvação.

Na vida do grande São João Maria Vianney, o Cura Dàrs, é narrado este fato:

"Entre os peregrinos ajoelhados à passagem do Santo, ao sair da igreja, estava uma senhora de luto pesado, profundamente aflita e acabrunhada pela dor. Seu marido, homem sem religião, se tinha suicidado; atirara-se de uma ponte e morrera afogado. Tinha-o a pobre mulher perdido eternamente, e esta era a causa de seu desespero. Ora, antes que ela dirigisse uma palavra ao santo, este se inclinou para a pobre senhora e disse-lhe ao ouvido:

"Está salvo! Seu marido está salvo!"

E como a senhora, sobressaltada, dava mostras de incredulidade acrescentou logo:

"Digo-lhe que está salvo e está no purgatório, cumpre rezar por ele. Entre a ponte e a água teve o tempo necessário para um ato de arrependimento. Lembre-se do mês de Maria, do pequeno oratório armado em seu quarto. Seu marido, apesar de irreligioso, unia-se às suas orações. E foi o que lhe mereceu a graça do arrependimento e do perdão supremo" (VtMM, p.209 e 210).

Aquela pobre mulher certamente estremeceu de júbilo e comoção. E jamais se esqueceu da Mãe da Misericórdia, que principalmente no mês das flores dedicado a Ela arranca do inferno milhares de almas.

É esta boa Mãe quem nos livra de todos os perigos do corpo e da alma. O padre Inácio Valle, S.J., conta em seu belo livro sobre a Virgem Maria, Vamos todos a Maria Medianeira, escrito em 1953:

"Numa cidade de Portugal reinava grande confusão e raiva no seio da loja maçônica. O grão-mestre se convertera na hora da morte. O Pe. Carlos que o atendera naquela hora suprema, devia morrer. Não havia dúvida, o morto, na hora da confissão, teria confiado os segredos da Maçonaria. O padre, portanto, estava condenado à morte.

Em sessão secreta escolheram o assassino. Este escreve uma carta ao Pe. Carlos dizendo-lhe que era maçom mas desejava ardentemente converter-se e o escolhera para ouvi-lo em confissão.

Para fugir das perseguições da Loja, pedia encarecidamente que o atendesse, lá pela meia noite, porque em seguida abandonaria o país. O padre acreditou.

Assim, por volta de meia-noite, uma carruagem pára diante da residência do padre. Um homem sai apressado e entre no quarto do Pe. Carlos que o estava esperando.

´Padre`, diz-lhe à queima roupa o maçom, eu vim mata-lo, porque converteu na hora da morte aquele imbecil do grão-mestre, e porque ele lhe entregou nossos papéis mais secretos, e estes eu quero que mos entregue imediatamente...`"

´Documentos eu não os tenho, e se os tivesse não lhos entregaria. Quer matar-me? Pode faze-lo. Antes, porém, lhe peço uns momentos para fazer um ato de contrição perfeita e rezar à minha e sua Mãe..." E ajoelhou-se.

As palavras ´sua Mãe`calam profundamente no coração do infeliz maçom... Sim, evocam-lhe aqueles tempos tão saudosos em que, pequenino, aprendeu da mãezinha a invocar a Santíssima Virgem e a rezar a Ave-Maria... e agora vai perpetrar tão hediondo crime... Vai manchar suas mãos no sangue inocente de um venerável sacerdote... É meia-noite e as palavras "sua Mãe" o fazem estremecer... Não, não cometerá o assassinato preparado... Já está arrependido...

O padre se levanta, dizendo:

"Agora pode matar-me, com a bênção da Virgem poderei viajar para a eternidade".

"Padre, perdoai-me, estou arrependido, quero confessar-me", e enquanto profere estas palavras atira-se aos pés do sacerdote.

Confessa-se e depois se despede, dizendo:

"Agora vou fugir, e o senhor fique por alguns dias em casa, para que os maçons não descubram minha conversão e não me matem. Vou fugir para a Inglaterra" (VtMM, pp. 211 e 212).

É um fato comprovado pela experiência da Igreja que Maria é ainda a última devoção que resta para salvar um agonizante impenitente.

São Francisco Regis, jesuíta, empregou certa vez todos os meios, e sua própria santidade, para converter e confessar um assassino e salteador que seria executado no dia seguinte, sem conseguir a conversão do criminoso.

Como última tentativa, recorre a Maria. Tira do bolso uma estampa da Virgem e mostrando-a ao condenado pergunta:

"Conheces esta?" "Sim", responde. "Ela ainda te ama", diz-lhe o Santo com todo o carinho.

Ao ouvir essas palavras, o assassino, como se acordasse de um sono profundo, responde:

"Se me ama, então ela não me conhece!"

"Ela te conhece e te ama", torna-lhe prontamente o Santo.

"Mas, padre, eu matei..."

"Ela sabe e te ama".

"Cometi grandes crimes e blasfemei horrivelmente... Padre, Ela ainda me ama?"

"Sim, sim, Ele ainda te ama". "Me amigo, responde-lhe o Santo comovido, céus e terra passarão, mas as palavras de Jesus não hão de passar, eternamente. Com lábios de sangue, moribundo, pregado na Cruz, Jesus disse: ´Eis aqui tua Mãe`; Eis aqui teu filho...`"

O condenado chora, arrepende-se, confessa-se!

A Mãe da misericórdia o salvou (VtMM, pp. 215 e 216).

Esta Mãe não abandona nenhum de seus filhos, por mais que tenham ofendido a Deus.

Outro fato comovente, de maravilhosa conversão, aconteceu com o grande padre Ratisbona, que ficou muito conhecido na Igreja.

Ele era judeu e deveu sua conversão ao catolicismo à Virgem Maria, que se dignou aparecer-lhe, ordenando-lhe que se fizesse católico e sacerdote; o que fez, tornando-se um grande devoto de Maria.

Contudo, uma grande tristeza lhe amargurava a vida: sua boa mãe era judia e de modo algum queria se converter.

Enfim, a mãe do padre adoeceu gravemente, entro em agonia e morreu, sem dar o mínimo sinal de conversão.

Aflito, perguntava a si mesmo por que a Virgem Maria, que tivera compaixão dele, não salvara sua pobre mãe.

Passados vários anos, chegou-lhe a visita de um sacerdote trazendo a mais alvissareira das notícias: vinha em nome da Santíssima Virgem Maria.

"A Virgem", disse-lhe o sacerdote, "apareceu a uma alma predileta de Deus e lhe deu a ordem de comunicar ao padre Ratisbona o seguinte:

"´Quando a mãe do padre estava em agonia, eu fui falar com meu Filho e lhe disse: - Meu Filho, eu te peço, não permitas se perca a mãe de meu servo, o padre Ratisbona. E um raio d graça eficaz, saído do coração de Jesus, iluminou a agonizante que morreu com o arrependimento e o desejo do batismo. Salvou-se`" (VtMM, pp 218 e 219).

Essa boa Mãe nunca deixa de socorrer um filho que se entrega a ela com toda a confiança.

Um exemplo marcante dessa verdade ocorreu com Cristóvão Colombo, o famoso descobridor da América, em 1492.

Ele tinha uma intuição muito forte de que além dos mares outros continentes existiam, e a idéia de descobri-los o acompanhava. Contudo, Colombo não conseguia meios para realizar a ousada viagem pelos mares desconhecidos. Ninguém acreditava que seus sonhos pudessem se realizar, e o desânimo já o ia dominando. Junto dos homens e reis da terra não havia mais esperança. Restava-lhe apenas a Esperança do céu, Naquela que é o socorro dos aflitos.

Soluçando, Colombo se ajoelhou diante da imagem da Santíssima Virgem, em Sevilha, na Espanha, e rezou:

"Ao menos vós, Senhora do mundo, atendei-me. Todos me desprezaram. Ninguém me quis dar ouvidos, ninguém me quis auxiliar. Senhora, auxiliai-me e vos prometo, voltando dos continentes descobertos, trazer-vos aqui as primícias das novas terras".

E a Senhora das Américas o atendeu.

Três meses depois, Colombo zarpava de Palos, com três caravelas, rumo aos novos mundos que queria descobrir.

Em agradecimento à Virgem, batizou a nau capitânia com o nome de "Santa Maria".

E toda a longa viagem pelos mares desconhecidos foi uma verdadeira epopéia de heroísmo e de proteção da Virgem Maria, impedindo que as tempestades destruíssem aquela pequena esquadra liderada pela "Santa Maria". Quando os marujos, já desesperados de tanto sofrer, se revoltaram e ameaçaram destruir a coragem de Colombo, a Virgem o protegeu.

E enfim, ao amanhecer do dia 12 d outubro de 1492, a capitânia "Santa Maria" tocou o solo bendito das Américas.

Colombo, fiel a Maria, converteu seis índios, tomou um pouco de ouro da nova terra e voltou a Sevilha. Diante da mesma imagem da Virgem, fez sua oferta:

"Senhora, prometi voltar e trazer-vos as primícias das terras que me auxiliastes a descobrir: aqui as tendes, são vossas!" (VtMM, pp. 237 e 238).

Jamais Colombo teria chegado aqui em nossa América, hoje o maior continente católico do mundo, não fosse o auxílio indispensável dessa boa Mãe àquele bravo filho que soube confiar-se, absolutamente, em suas mãos.

Já que pela Encarnação no seio de Maria, Jesus, assumindo nossa natureza humana, se fez irmão de cada um de nós, Ele quis então que Sua Mãe fosse também a Mãe de todos nós.

"Adão pôs â sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos os viventes" (Gn 3,20). O nome Eva, no hebraico, é "Hava", que significa vida. Maria, a nova Eva, por ter dado à luz Àquele que é a Vida, tornou-se a verdadeira Mãe dos viventes, que renasceram da morte do pecado, por Jesus Cristo.

Maria foi a última grande dádiva que Jesus nos deu enquanto vivia entre nós. Parece até que deixou este grande presente para o fim de propósito, para que fosse lembrado de forma inesquecível por cada um de nós. É são João, o discípulo que Jesus mais amava, que nos mostra a Mãe, com detalhes! Ele, que foi praticamente o único dos discípulos a se manter fiel aos pés de seu Senhor, mesmo no Gólgota; ele, então, como testemunha ocular, pôde relatar a todos nós:

"Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, Sua Mãe, a irmã de Sua mãe, Maria, mulher de Cleófolas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu Sua Mãe e perto dela o discípulo a quem amava disse à Sua Mãe: "Senhora, eis aí teu filho". E depois disse ao discípulo: "Eis aí tua Mãe". E o apóstolo nos revela que "a partir daquela hora a levou para sua casa" (Jô 19,25-27).

Que momento extraordinário! Que cena transcendente!

Após isto, para que toda a Escritura fosse cumprida, Jesus tomou vinagre e pronunciou a última frase: "Consumatum est", tudo está consumado. E entregou o espírito ao Pai.

Jesus deu-se inteiramente a nós: Sua vida, Suas forças, Suas graças, Seus milagres, Seu sangue, Seu sofrimento, Seus méritos... tudo, e finalmente Sua Santíssima Mãe. Ele avisara antes: "Não vos deixarei órfãos" (Jô 14,18), e agora providenciava para que seus discípulos não ficassem órfãos e perdidos.

João representava ali cada um de nós, ensina a Igreja; no discípulo amado estava cada irmão amado que ele acabava de resgatar com o preço de seu sangue. E João compreendeu tão bem que, de imediato, "a levou para sua casa". É isto que cada um de nós tem de fazer também. Levar Maria, como Mãe, para sua cassa, muito agradecidos a Jesus e a ela.

Que Mãe melhor poderíamos receber das mãos do Senhor?

A partir do Calvário, Maria passou a ser a mãe "dos novos viventes". Que honra é para nós poder chamar de nossa mãe a mãe de nosso Senhor! Você já pensou nisto profundamente?

São Paulo ensina que "quem está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho, eis que tudo se fez novo" (2 Cor 5,17).Maria é agora a Mãe dessa "nova criatura" que Jesus resgatou da morte, do pecado e do demônio para "a liberdade dos filhos de Deus" (Rm 8,21).

No Calvário realiza-se o maior acontecimento de todos os tempos. E é tão grande a Maternidade Espiritual de Maria e tão ligada à aplicação dos méritos infinitos que seu Filho nos conquistou com Sua morte e Deus a quis proclamada naquele momento especial de nossa salvação. Podemos dizer que a Maternidade Espiritual de Maria foi um testemunho de Jesus escrito com letras de sangue.

O Papa Leão XIII ensina na encíclica "Adiutricem populi", de 5 de setembro de 1895:

"Foi uma revelação exímia dos mistérios da caridade de Cristo, quando, morrendo, legou sua Mãe ao discípulo João pelo testamento memorável: ´Ecce filius tuus`. Segundo o senso da Igreja, Cristo designou em São João o gênero humano, principalmente aqueles que lhe aderirão na fé" (VtMM, p.61).

Como a melhor de todas as mães, Maria intercede sem cessar por cada um de nós, mesmo quando não é invocada. Muitos que não a conhecem se salvam por sua maternal intercessão.

O mesmo Papa Leão XIII diz na encíclica "Magnae Dei Matris", de 8 de dezembro de 1892:

"Maria, muito melhor do que qualquer outra mãe, conhece e vê os socorros de que necessitamos para viver, os perigos públicos e particulares que nos ameaçam, as angústias e males que nos oprimem, e, sobretudo, a luta encarniçada que havemos de sustentar com os inimigos da salvação.

Nesta e noutras dificuldades da vida, melhor do que ninguém, pode ela generosamente e deseja ardentemente proporcionar a seus filhos queridos consolação, força e toda espécie de auxílios" (VtMM, p. 71).

O último Concílio tem uma bela expressão para mostrar a maternidade espiritual de Maria:

Por sua maternal caridade cuida dos irmãos de seu Filho, que peregrinam rodeados de perigos e dificuldades, até que sejam conduzidos à feliz pátria (LG, n. 61).

São Luiz de Montfort assim explica a maternidade espiritual de Maria:

"Assim como na geração natural e corporal há um pai e uma mãe, há, na geração sobrenatural, um pai que é Deus e uma mãe, Maria Santíssima. Todos os verdadeiros filhos de Deus e os predestinados têm Deus por Pai e Maria por Mãe; e quem não tem Maria por mãe não tem Deus por Pai" (Tvd, n. 30). E continua:

"O desejo de Deus Filho é formar-se e, por assim dizer, encarnar-se todos os dias por meio de Sua Mãe, em seus membros... Se Jesus Cristo, o chefe dos homens, nasceu nela por uma consequência necessária. Não há mãe que dê à luz a cabeça sem seus membros ou os membros sem a cabeça: seria uma monstruosidade da natureza. Do mesmo modo, na ordem da graça, a cabeça e os membros nascem da mesma mãe, e se um membro do corpo místico de Jesus Cristo, isto é, um predestinado, nascesse de outra mãe que não Maria, que produziu a Cabeça, não seria um predestinado,nem membro de Jesus Cristo, mas um monstro na ordem da graça" (Tvd, n.32).

Santo Agostinho também afirma que "todos os predestinados, para serem conformes à imagem do Filho (Rm, 8,30) são neste mundo ocultos no seio da Santíssima Virgem e aí guardados, alimentados, mantidos e engrandecidos por esta boa Mãe, até que ela os dê à glória" (Tvd, n.33).

S. Luiz ensina que ´este é um mistério da graça` que os condenados desconhecem e os eleitos conhecem muito pouco... É vontade de Deus Espírito Santo que nela e por ela se formem eleitos (Eclo 24,12), e nela se reproduzam, gerando em cada filho as raízes de sua fé, de sua humanidade profunda, de sua mortificação universal, de sua oração sublime, de sua caridade ardente, de sua firmíssima esperança e de todas suas virtudes". E afirma:

"Quando Maria lança suas raízes em uma alma, maravilhas de graça se produzem, e só ela as pode produzir... Maria produziu, com o Espírito Santo, a maior maravilha que existe e existirá - um Deus-homem, e ela produzirá por conseguinte as coisas mais admiráveis que hão de existir nos últimos tempos. A formação e a educação dos grandes santos que aparecerão no fim do mundo lhe será reservada, pois só esta Virgem singular e milagrosa pode produzir em união com o Espírito Santo, as obras singulares e extraordinárias" (Tvd, n.35).

Também o Papa Pio VII, na encíclica "Mystici Corporis Christi", confirma esta doutrina dizendo:

"Foi Ela a Imaculada, isenta de toda mancha original ou atual, e sempre intimamente unida com seu Filho, que, como outra Eva, juntamente com o holocausto de seus direitos maternos e de seu materno amor, O ofereceu no Gólgota ao Eterno Pai por todos os filhos de Adão, manchados por sua queda miseranda; de modo que a que era fisicamente Mãe da nossa Cabeça foi, com novo título de dor e de glória, feita espiritualmente Mãe de todos os seus membros" (VtMM, p.82).

Ainda dessa maternidade espiritual de Maria fala o Papa Leão XIII, na encíclica "Adiutricem Popili":

"De coração magnânimo Ela tomou sobre si o múnus tão singular de Mãe, e exerceu-o uma vez consagrada no cenáculo, sob o auspício do céu.

Em verdade, Maria mostrou-se como Mãe da Igreja e Mestra e Rainha dos Apóstolos, aos quais comunicou o tesoura dos oráculos divinos que conservava em seu coração" (VtMM, p.126).

"Aproximemo-nos com filial confiança de nossa Mãe Celeste e por meio dela, de Cristo. O Filho ouvirá a Mãe, e o Pai ouvirá o filho", dizia São Bernardo (VtMM, p.127).

São muito significativas as palavras do Papa S. Pio X, sobre a Maternidade espiritual de Maria, na encíclica "Ad diem illum":

"No mesmo seio de sua castíssima Mãe, Cristo não só tomou a carne que uniu a si hipostaticamente, mas além disso assumiu um Corpo espiritual, formado por todos aqueles que haviam de crer nele; de modo que se pode dizer que Maria, tendo em seu seio o Salvador, trazia também todos aqueles cuja vida estava encerrada ba vida do Salvador.

Todos quantos estamos incorporados em Jesus Cristo, do seio de Maria nascemos à maneira de corpo unido à cabeça , pelo que, de um modo espiritual e mítico, mas verdadeiro, somos chamados filhos de Maria, e Ela á a Mãe de todos n´s" (VtMM, p.130).

Por essas razões Santo Irineu chamava Maria "a Virgem que nos regenerou para Deus", e Santo Epifânio com São Pedro Crisólogo chamam-na "Mãe de todos os que vicem pela graça". Santo Agostinho diz que foi "Mãe natural da cabeça e Mãe espiritual dos membros". São Leão Magno completa: "A geração de Jesus Cristo é a origem do povo cristão, e o nascimento da cabeça é o nascimento de todo o corpo". São Alberto Magno afirma nesta mesma linha: "Maria gerou um só Filho natural, no qual regenerou espiritualmente todos os filhos... porque o Senhor uni-nos a si nas entranhas da Virgem" (VtMM,p.130).

Também nosso amadíssimo Papa João Paulo II, na encíclica "Redemptoris Mater", que escreveu por ocasião do Ano Mariano, Poe ele proclamado, em 25 de março de 1987, diz:

"Esta ´nova maternidade de Maria`, portanto, gerada pela fé, é fruto do ´novo amor`, que nela amadureceu definitivamente aos pés da Cruz, mediante sua participação no amor redentor do Filho" (n.23).

"Maria não é só modelo e figura da Igreja; mas é muito mais do que isso. Com efeito, ela ´coopera com amor de mãe para a regeneração e formação`dos filhos e filhas da mãe Igreja. A maternidade da Igreja realiza-se não só segundo o modelo e a figura da Mãe de Deus, mas também com sua cooperação"(n.44).

"A maternidade de Maria que se torna herança do homem é um dom: um dom que o próprio Cristo faz a cada homem pessoalmente"(n.45).

"Maria... com esta sua fé de esposa e de mãe quer atuar em favor dos que a ela se entregam como filhos. E é sabido que quanto mais esses filhos perseveram na atitude de entrega e mais progridem nela, tanto mais Maria os aproxima das "insondáveis riquezas de Cristo`(Ef 3,8)"(n.46).

"Maria, a excelsa filha de Sião, ajuda a todos os seus filhos - onde quer que vivam e como quer que vivam - a encontrar em Cristo o caminho para casa do Pai"(n.47).

Também o Concílio Vaticano II, citando Santo Agostinho, ensina que Maria "é verdadeiramente a Mãe dos membros de Cristo... porque cooperou pela caridade para que na Igreja nascêssemos os fiéis que são filhos da Cabeça"(LG,n53).

Vejo em nossos dias uma multidão de pessoas serem formadas verdadeiramente crisãs e católicas por esta Mãe carinhosa que, pacientemente, vai exortando e chamando seus filhos para Deus por meio de suas mensagens, lágrimas e milagres. São multidões de filhos tocados e formados por esta boa Mãe: em Aparecida, Lourdes, Fátima, Guadalupe, Medjugorje... por meio do Movimento sacerdotal Mariano e tantos outros movimentos suscitados por Maria. É um verdadeiro exército de filhos de Maria que se forma, para implantar na terra seu reinado, por meio do qual resplandecerá o Reinado de Cristo, como ensina S. Luiz.

É esta Mãe diligente que nos forma para Jesus, como fim último de todas nossas devoções. É preciso repetir mil vezes aqui que Maria não é um fim, mas apenas um meio, é a estrada maravilhosa, curta, suave, rápida, fácil e segura para chegar a Jesus, sem perder tempo e sem perigo. Repetimos com S. Pedro que "em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos"(At 4,12). Mas é fazendo-nos escravos dessa boa Mãe, como ensina S. Montfort, que nos tornaremos autênticos escravos de Jesus. O santo afirma:

"A mais forte inclinação de Maria é unir-nos a Jesus Cristo, seu Divino Filho; e a mais forte inclinação do Filho é que vamos a ele por meio de Sua Mãe Santíssima. E isto é para ele tanta honra e prazer como seria para um rei honra e prazer se alguém, para tornar-se a mais perfeitamente seu escravo, se fizesse escravo da rainha"(Tvd, n.75).

É essa boa Mãe que nos leva ao aniquilamento do próprio eu, egoísta, soberbo, avaro das coisas do mundo, luxurioso, guloso, invejoso, preguiçoso... A verdadeira devoção a essa Mãe educadora nos faz entender por que Jesus mandou que "renunciássemos a nós mesmos" para podermos nos salvar (Jô 12,25; Lc 9,23-25; Mt 16,24-28), já que o pecado original e o pecado atual nos estragaram. E o que sta estragado deve ser renunciado.

É essa Mãe vigilante com seus filhos que nos obtém sempre a graça de conservarmos as graças e os tesouros que recebemos de Deus e que facilmente podemos perder pela nossa fraqueza. São Paulo disse que "trazemos esse tesouro em um vaso de barro" (2 Cor. 4,7), em uma alma fraca e inconstante, por um nada. É a boa mãe que precisamos nos recomendar a cada instante, para sermos fortes e perseverantes na graça.

Os demônios buscam a todo instante - alertam-nos os Apóstolos - como ladrões espertos, buscando surpreender-nos de improviso para nos derrubar, espreitam dia e noite o momento favorável para nossa queda; enfim, "rugem a nosso redor, buscando a quem possam devorar" (1 Pd 5,8); pela tentação e pelo pecado para, se possível, numa vacilada nossa, arrancar de nós as graças e méritos que conseguimos em longos anos de luta. São maliciosos, experientes, inúmeros, dizem os santos; por isso Jesus recomenda-nos: "Vigiai e orai, a fim de não cairdes em tentação; pois o espírito é forte, mas a carne é fraca" (Mt 26,41). Maria é nossa grande proteção contra o Mal.

Quantas pessoas, cheias de graça e de virtude, às vezes até elevadas em santidade, foram surpreendidas... por falta de humildade.Acreditavam-se mais fortes do que eram na realidade e acabaram tomando por confiar em si mesmas. Se tivessem confiado à nossa boa Mãe suas graças, não teriam perecido no pecado.

Quantas vezes o inferno aguça nossa vaidade e orgulho, formenta nossa ganância e avareza, incendeia nossa sexualidade com maus desejos e maus pensamwntos, favorece a gula e os baixos instintos, provoca a raiva e a vingança, ou nos induz à preguiça e ao ódio! O tentador conhece o ponto fraco de cada um; e, sem cessar, permanece de tocaia para nos roubar a graça e a paz com Deus.

Quantas vezes ficamos com vergonha de nós mmesmos e d eDeus, por nossas escorregadas em pensamentos, sentimentos, palavras e comportamentos! É uma realidade, somos fracos e miseráveis. Mas é justamente reconhecendo e aceitando esta nossa realidade, e nos lançando nos braços fortes e inexpugnáveis de nossa Mãe que seremos fortes. Ela será nossa força sempre e nossa única esperança, como dizia S. Bernardo.

Quando S. Paulo, já cansado de lutar, implorou ao Senhor que o livrasse de seu "espinho na carne", o que ouviu do Senhor? "Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se manifesta totalmente minha força" (2 Cor 12,9). E o Apóstolo tanto entendeu a lição do Mestre, que também se fez fraco para salvar os fracos, e disse aos coríntios: "Alegro-me em minhas fraquezas... Porque, quando me vejo em fraqueza, então é que sou forte" (2 Cor 12,10).

A pessoa mais forte é aquela que, por conhecer e aceitar suas fraquezas, com realismo e tranquilidade, sem desesperos e revoltas, abriga-se permanentemente nos braços e no Coração de Jesus por meio de Maria. Com seus pés virginais ela saberá pisar constantemente a cabeça do tentador, para que não nos assalte.

São Boaventura nos ensina que "a santíssima Virfem está não só detida na plenitude dos santos, mas também guarda e detém os santos na plenitude para que essa plenitude nãi diminua; impede que suas virtudes se dissipem, que seus méritos pereçam, que se percam suas graças, que os prejudiquem os demônios; impede, por fim, que Nosso senhor castigue os pecadores" (Tvd, n.174).

S. Luiz compara Maria à Arca de Noé, onde os bem-aventurados buscam abrigo para não se afogar nas águas do dilúvio do pecado, que afoga tanta gente. Essa boa Mãe, diz o santo, recebe sempre, por pura caridade, tudo que lhe entregamos em depósito; e, desde que ela o recebeu como depositária, é obrigada por justiça..." (Tvd, n.176). Por isso nos recomenda o santo: "Depositai, derramai no seio e no coração de Maria todos os vossos tesouros, todas as vossas graças e virtudes.Maria é um "Vaso espiritual", "um Vaso honorífico", um Vaso insigne de devoção". Depois que aí se encerrou o próprio Deus, em pessoa, com todas suas perfeições, esse vaso tornou-se todo espiritual, e a morada mais espiritual das almas mais espirituais... Tornou-se ,enfim, rica como uma "Casa de ouro", forte como a "Torre de David", pura como uma "Torre de marfim". Ó quão feliz é o homem que tudo deu a Maria e nela confia em tudo por tudo. Ele é todo de Maria e Maria é todo dele" (Tvd nn.178 e 179).

"Somente as almas que não nasceram do sangue nem da vontade da carne (Jô 1,13), mas de Deus e de Maria, diz o santo, compreendem e apreciam essas palavras"; e diz que é para elas que ele escreve (Tvd n.180).

Maria, esta boa Mãe, é a alegria dos santos, e deve ser nossa alegria. O Anjo lhe disse na Anunciação: "Alegra-te Maria..." E os santos não cansam de repetir o mesmo refrão: "Salve ó cheia de graça, que és vaso e receptáculo de alegria", exclama São Gregório Taumaturgo. "Salve, ó vós que não cessareis jamais de ser nossa alegria, Santa Mãe de Deus!", saudava-a São Metódio (MM, p.55). Por isso a Ladainha lhe chama "Causa da nossa alegria".

É esta boa Mãe que nos leva para o céu. Na belíssima Ladainha Lauretana, a Igreja a chama de "Porta do Céu", porque é ela que com suas orações e lágrimas diante de Deus nos conquista a salvação.

Na vida do grande São João Maria Vianney, o Cura Dàrs, é narrado este fato:

"Entre os peregrinos ajoelhados à passagem do Santo, ao sair da igreja, estava uma senhora de luto pesado, profundamente aflita e acabrunhada pela dor. Seu marido, homem sem religião, se tinha suicidado; atirara-se de uma ponte e morrera afogado. Tinha-o a pobre mulher perdido eternamente, e esta era a causa de seu desespero. Ora, antes que ela dirigisse uma palavra ao santo, este se inclinou para a pobre senhora e disse-lhe ao ouvido:

"Está salvo! Seu marido está salvo!"

E como a senhora, sobressaltada, dava mostras de incredulidade acrescentou logo:

"Digo-lhe que está salvo e está no purgatório, cumpre rezar por ele. Entre a ponte e a água teve o tempo necessário para um ato de arrependimento. Lembre-se do mês de Maria, do pequeno oratório armado em seu quarto. Seu marido, apesar de irreligioso, unia-se às suas orações. E foi o que lhe mereceu a graça do arrependimento e do perdão supremo" (VtMM, p.209 e 210).

Aquela pobre mulher certamente estremeceu de júbilo e comoção. E jamais se esqueceu da Mãe da Misericórdia, que principalmente no mês das flores dedicado a Ela arranca do inferno milhares de almas.

É esta boa Mãe quem nos livra de todos os perigos do corpo e da alma. O padre Inácio Valle, S.J., conta em seu belo livro sobre a Virgem Maria, Vamos todos a Maria Medianeira, escrito em 1953:

"Numa cidade de Portugal reinava grande confusão e raiva no seio da loja maçônica. O grão-mestre se convertera na hora da morte. O Pe. Carlos que o atendera naquela hora suprema, devia morrer. Não havia dúvida, o morto, na hora da confissão, teria confiado os segredos da Maçonaria. O padre, portanto, estava condenado à morte.

Em sessão secreta escolheram o assassino. Este escreve uma carta ao Pe. Carlos dizendo-lhe que era maçom mas desejava ardentemente converter-se e o escolhera para ouvi-lo em confissão.

Para fugir das perseguições da Loja, pedia encarecidamente que o atendesse, lá pela meia noite, porque em seguida abandonaria o país. O padre acreditou.

Assim, por volta de meia-noite, uma carruagem pára diante da residência do padre. Um homem sai apressado e entre no quarto do Pe. Carlos que o estava esperando.

´Padre`, diz-lhe à queima roupa o maçom, eu vim mata-lo, porque converteu na hora da morte aquele imbecil do grão-mestre, e porque ele lhe entregou nossos papéis mais secretos, e estes eu quero que mos entregue imediatamente...`"

´Documentos eu não os tenho, e se os tivesse não lhos entregaria. Quer matar-me? Pode faze-lo. Antes, porém, lhe peço uns momentos para fazer um ato de contrição perfeita e rezar à minha e sua Mãe..." E ajoelhou-se.

As palavras ´sua Mãe`calam profundamente no coração do infeliz maçom... Sim, evocam-lhe aqueles tempos tão saudosos em que, pequenino, aprendeu da mãezinha a invocar a Santíssima Virgem e a rezar a Ave-Maria... e agora vai perpetrar tão hediondo crime... Vai manchar suas mãos no sangue inocente de um venerável sacerdote... É meia-noite e as palavras "sua Mãe" o fazem estremecer... Não, não cometerá o assassinato preparado... Já está arrependido...

O padre se levanta, dizendo:

"Agora pode matar-me, com a bênção da Virgem poderei viajar para a eternidade".

"Padre, perdoai-me, estou arrependido, quero confessar-me", e enquanto profere estas palavras atira-se aos pés do sacerdote.

Confessa-se e depois se despede, dizendo:

"Agora vou fugir, e o senhor fique por alguns dias em casa, para que os maçons não descubram minha conversão e não me matem. Vou fugir para a Inglaterra" (VtMM, pp. 211 e 212).

É um fato comprovado pela experiência da Igreja que Maria é ainda a última devoção que resta para salvar um agonizante impenitente.

São Francisco Regis, jesuíta, empregou certa vez todos os meios, e sua própria santidade, para converter e confessar um assassino e salteador que seria executado no dia seguinte, sem conseguir a conversão do criminoso.

Como última tentativa, recorre a Maria. Tira do bolso uma estampa da Virgem e mostrando-a ao condenado pergunta:

"Conheces esta?" "Sim", responde. "Ela ainda te ama", diz-lhe o Santo com todo o carinho.

Ao ouvir essas palavras, o assassino, como se acordasse de um sono profundo, responde:

"Se me ama, então ela não me conhece!"

"Ela te conhece e te ama", torna-lhe prontamente o Santo.

"Mas, padre, eu matei..."

"Ela sabe e te ama".

"Cometi grandes crimes e blasfemei horrivelmente... Padre, Ela ainda me ama?"

"Sim, sim, Ele ainda te ama". "Me amigo, responde-lhe o Santo comovido, céus e terra passarão, mas as palavras de Jesus não hão de passar, eternamente. Com lábios de sangue, moribundo, pregado na Cruz, Jesus disse: ´Eis aqui tua Mãe`; Eis aqui teu filho...`"

O condenado chora, arrepende-se, confessa-se!

A Mãe da misericórdia o salvou (VtMM, pp. 215 e 216).

Esta Mãe não abandona nenhum de seus filhos, por mais que tenham ofendido a Deus.

Outro fato comovente, de maravilhosa conversão, aconteceu com o grande padre Ratisbona, que ficou muito conhecido na Igreja.

Ele era judeu e deveu sua conversão ao catolicismo à Virgem Maria, que se dignou aparecer-lhe, ordenando-lhe que se fizesse católico e sacerdote; o que fez, tornando-se um grande devoto de Maria.

Contudo, uma grande tristeza lhe amargurava a vida: sua boa mãe era judia e de modo algum queria se converter.

Enfim, a mãe do padre adoeceu gravemente, entro em agonia e morreu, sem dar o mínimo sinal de conversão.

Aflito, perguntava a si mesmo por que a Virgem Maria, que tivera compaixão dele, não salvara sua pobre mãe.

Passados vários anos, chegou-lhe a visita de um sacerdote trazendo a mais alvissareira das notícias: vinha em nome da Santíssima Virgem Maria.

"A Virgem", disse-lhe o sacerdote, "apareceu a uma alma predileta de Deus e lhe deu a ordem de comunicar ao padre Ratisbona o seguinte:

"´Quando a mãe do padre estava em agonia, eu fui falar com meu Filho e lhe disse: - Meu Filho, eu te peço, não permitas se perca a mãe de meu servo, o padre Ratisbona. E um raio d graça eficaz, saído do coração de Jesus, iluminou a agonizante que morreu com o arrependimento e o desejo do batismo. Salvou-se`" (VtMM, pp 218 e 219).

Essa boa Mãe nunca deixa de socorrer um filho que se entrega a ela com toda a confiança.

Um exemplo marcante dessa verdade ocorreu com Cristóvão Colombo, o famoso descobridor da América, em 1492.

Ele tinha uma intuição muito forte de que além dos mares outros continentes existiam, e a idéia de descobri-los o acompanhava. Contudo, Colombo não conseguia meios para realizar a ousada viagem pelos mares desconhecidos. Ninguém acreditava que seus sonhos pudessem se realizar, e o desânimo já o ia dominando. Junto dos homens e reis da terra não havia mais esperança. Restava-lhe apenas a Esperança do céu, Naquela que é o socorro dos aflitos.

Soluçando, Colombo se ajoelhou diante da imagem da Santíssima Virgem, em Sevilha, na Espanha, e rezou:

"Ao menos vós, Senhora do mundo, atendei-me. Todos me desprezaram. Ninguém me quis dar ouvidos, ninguém me quis auxiliar. Senhora, auxiliai-me e vos prometo, voltando dos continentes descobertos, trazer-vos aqui as primícias das novas terras".

E a Senhora das Américas o atendeu.

Três meses depois, Colombo zarpava de Palos, com três caravelas, rumo aos novos mundos que queria descobrir.

Em agradecimento à Virgem, batizou a nau capitânia com o nome de "Santa Maria".

E toda a longa viagem pelos mares desconhecidos foi uma verdadeira epopéia de heroísmo e de proteção da Virgem Maria, impedindo que as tempestades destruíssem aquela pequena esquadra liderada pela "Santa Maria". Quando os marujos, já desesperados de tanto sofrer, se revoltaram e ameaçaram destruir a coragem de Colombo, a Virgem o protegeu.

E enfim, ao amanhecer do dia 12 d outubro de 1492, a capitânia "Santa Maria" tocou o solo bendito das Américas.

Colombo, fiel a Maria, converteu seis índios, tomou um pouco de ouro da nova terra e voltou a Sevilha. Diante da mesma imagem da Virgem, fez sua oferta:

"Senhora, prometi voltar e trazer-vos as primícias das terras que me auxiliastes a descobrir: aqui as tendes, são vossas!" (VtMM, pp. 237 e 238).

Jamais Colombo teria chegado aqui em nossa América, hoje o maior continente católico do mundo, não fosse o auxílio indispensável dessa boa Mãe àquele bravo filho que soube confiar-se, absolutamente, em suas mãos.

Postar um comentário

Deixe seu Comentário: (0)

Postagem Anterior Próxima Postagem