Autor: John Nascimento
Estas breves explicações da Bíblia destinam-se aos principiantes, que pouco ou nada sabem a respeito da Bíblia, para que não façam um conceito errado de como Deus se revelou ao homem na História da Salvação, e em que os mais entendidos podem fazer uma oportuna reflexão.
SENTIDOS DA ESCRITURA (014)
Para entender a Sagrada Escritura é preciso conhecer as regras de interpretação de harmonia com muitas circunstâncias em que ela foi escrita.
De outro modo pode-se fazer uma interpretação errada.
Sobre os sentidos da Escritura, diz o Catecismo da Igreja Católica:
115. - Segundo uma antiga tradição, podemos distinguir dois sentidos da Escritura: o sentido literal e o sentido espiritual, subdividindo-se este último em sentido alegórico, moral e anagógico. A concordância profunda dos quatro sentidos assegura a sua riqueza à leitura viva da Escritura na Igreja :
116. - O sentido literal. É o expresso pelas palavras da Escritura e descoberto pela exegese segundo as regras da interpretação. "Todos os sentidos (da Sagrada Escritura) devem basear-se no literal”.(S.Tom.Aqui.S. thl,l,10,ad l).
117. - O sentido espiritual. Graças à unidade do desígnio de Deus, não só o texto da Escritura, mas também as realidades e acontecimentos de que fala, podem ser sinais.
1. - O sentido alegórico.
Podemos adquirir uma compreensão mais profunda dos acontecimentos, reconhecendo o seu significado em Cristo : por exemplo, a travessia do Mar Vermelho é um sinal da vitória de Cristo, como também do Baptismo.
2. - O sentido moral.
Os acontecimentos referidos na Escritura podem conduzir-nos a um comportamento justo. Foram escritos "para nossa instrução" (1 Co. 10,11).
3. - O sentido anagógico.
Podemos ver realidades e acontecimentos no seu significado eterno, o qual nos conduz (em grego : "anagoge") em direcção à nossa Pátria. Assim, a Igreja terrestre é sinal da Jerusalém celeste.
118. - Um dístico medieval resume a significação dos quatro sentidos :
"A letra ensina-te os factos (passados), a alegoria o que deves crer, a moral o que deves fazer, a anagogia para onde deves tender".
119. - "Cabe aos exegetas trabalhar, de harmonia com estas regras, por entender e expor mais profundamente o sentido da Escritura, para que, mercê deste estudo, de algum modo preparatório, amadureça o juízo da Igreja. Com efeito, tudo quanto diz respeito à interpretação da Escritura, está sujeito ao juízo último da Igreja, que tem o divino mandato e o ministério de guardar e interpretar a Palavra de Deus".(DV 12/3).
Quanto a mim, não acreditaria no Evangelho, se me não movesse a isso a autoridade da Igreja.(S.Agost.)
VERDADE NA SAGRADA ESCRITURA
A Constituição Dogmática do Concilio Vaticano II sobre a Divina Revelação, diz :
- “E assim, como tudo quanto afirmam os autores inspirados ou hagiógrafos deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas sagradas Letras”.(DV 11).
Isto é uma consequência imediata da Inspiração.
Com efeito se Deus é o autor da Bíblia, se toda ela é obra do Espírito Santo, não podemos admitir nela qualquer afirmação que vá contra a verdade e a santidade do mesmo Deus.
No entanto, não pudemos buscar na Bíblia qualquer verdade, mas só aquela que interessa à salvação do homem, ou seja, a verdade religiosa, e só aquela que Deus, causa da nossa salvação, quis que fosse consignada nas Letras Sagradas :
* Uma verdade não puramente especulativa, mas uma verdade concreta que se dirige não só à inteligência mas ao homem todo.
* Uma verdade que é necessário descobrir através dos géneros literários, que são muitos e variados.
* Uma verdade progressiva, revelada por etapas sucessivas, obedecendo a uma pedagogia, a pedagogia de Deus em relação aos homens.
* Uma verdade que está em toda a Bíblia e não num só livro ou texto isolado.
Assim, a verdade dos textos resulta da totalidade da Bíblia, e assim não se podem tirar conclusões da Bíblia a partir de uma simples palavra, ou versículo.
Quando se faz uma leitura da Bíblia de harmonia com as próprias conveniências, não se está a respeitar o sentido da Bíblia que só os exegetas críticos podem explicar, segundo as regras da Exegese e da Hermenêutica.
Postar um comentário