Os textos bíblicos

 


Autor: Cônego Vidigal


Os textos bíblicos foram redigidos em três línguas: a maior parte dos livros vétero-testamentários em hebraico, alguns em aramaico e o segundo livro dos Macabeus e todo o Novo Testamento, com exceção do Evangelho de São Mateus, em grego.


Os hebreus falaram hebraico até o século sexto antes de Cristo, quando esta língua ficou restrita à liturgia e o aramaico se tornou o idioma do cotidiano.


O aramaico, muito próximo do hebraico, cujo nome vem de Aram, região do norte da Síria e da Mesopotâmia, foi, desde o oitavo século antes de Cristo a linguagem internacional da Ásia. Mais tarde o árabe o suplantou.


Todos os originais da Bíblia desapareceram. Isto se deu por causa da precariedade do material então utilizado.


Como Deus não costuma multiplicar milagres, só restaram cópias. Como sói acontecer, os copistas cometeram erros, pois apenas uma cadeia de prodígios excepcionais impediria os equívocos.


Entretanto, a mensagem divina foi transmitida integralmente.


A comparação dos diversos manuscritos comprovam ter havido modificações acidentais que não deturparam nunca o núcleo básico da revelação.

A integridade do escrito foi preservada. Descobertas de traslados antigos levam também a esta conclusão.


Diversos os motivos das falhas. Houve confusão dos caracteres então empregados muito semelhantes entre si.


No caso do hebraico, este não possuía vogais e a vocalização, que foi feita pelos rabinos, ditos massoretas, não é necessariamente a do original. Aditem-se a distração, a negligência e a ignorância de quem copiava.


Note-se que há hoje cerca de quatro mil cópias manuscritas do Novo Testamento, sendo a maior parte incompleta. As mais antigas remontam ao século quarto.


Notável foi a descoberta, em Qumran, nordeste do Mar Morto, entre 1947 e 1958 dentro de onze cavernas. Isaías completo, comentário de Habacuc, fragmentos de todo o Antigo Testamento, com exceção de Ester, dos deuterocanônicos Tobias e Eclesiásticos, mereceram especial atenção, uma vez que outros documentos foram também aí achados.


Os especialistas concluíram que a escrita é típica do século primeiro antes de Cristo e do primeiro século depois de Cristo.


A comunidade que os teria possuído seria a dos essênios, cuja característica era a santidade de vida.


Os estudos que prosseguem sobre o material encontrado vem enriquecendo a exegese bíblica, sobretudo a crítica neotestamentária.


As peripécias pelas quais passaram os livros revelados mostram que Deus, apesar de não ter querido multiplicar intervenções miraculosas, fez com que sua mensagem atravessasse íntegra os séculos e chegasse até hoje na sua prístina grandeza.


* Professor no Seminário de Mariana - MG

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